O Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s assenta sobre um dos dois únicos estúdios de fotografia oitocentistas existentes em Portugal.

Adquirido originalmente em 1865 por Vicente Gomes da Silva (1827-1906), possui entre o seu acervo, cenários, máquinas fotográficas, mobiliário especializado, molduras com fotografias originais, livros sobre técnicas fotográficas e um valioso arquivo fotográfico, com cerca de milhão e meio de exemplares, que remontam até a década de cinquenta do século XIX, para além de ter um núcleo relativo ao cinema.

No século XIX, com os navios que aportavam à Madeira, chegavam também as novas ideias e técnicas, abrindo caminho ao surgimento de Estúdios fotográficos, como os de Vicentes Photographos, João Francisco Camacho, Augusto Maria Camacho, Perestrellos Photographos, Augusto César dos Santos e o seu sócio Joaquim Augusto de Sousa. A história do Atelier Vicente’s remonta a 1848, ano em que Vicente Gomes da Silva inicia a sua atividade profissional como gravador, na Praça de São João.

A sua capacidade técnica é reconhecida a 27 de abril de 1853, quando recebe a mercê de “gravador de Sua Majestade a Imperatriz do Brasil, Duquesa de Bragança”, viúva de D. Pedro IV, Rei de Portugal e primeiro Imperador do Brasil.

Para além da gravação desenvolve outras atividades, nomeadamente, encadernação, marcenaria, tipografia e fundição.

A sua incursão pela fotografia ocorre por cerca de 1852, altura em que adquiriu em Londres uma máquina fotográfica por 3 libras, através do então vice-cônsul de França, José António Monteiro Teixeira.

Inicia a sua atividade fotográfica na sua residência sita à Rua de João Tavira, passando mais tarde para a Rua da Ponte Nova. A 27 de maio de 1865, adquire o imóvel à Rua dos Pintos, atual Rua da Carreira, onde fixa a sua residência e aí constrói o seu atelier fotográfico, inicialmente em madeira.

Entre dezembro de 1886 e agosto de 1887, Vicente Gomes da Silva e seu filho Vicente Júnior, redesenham o antigo atelier, que é beneficiado e ampliado na forma que hoje conhecemos.

O Atelier Vicente’s recebeu duas importantes distinções pelos seus trabalhos fotográficos, sendo que a primeira foi concedida em 1866 pelo império Austro-húngaro, na sequência do retrato da Imperatriz Elizabeth D’Aústria (1837–1898), mais comumente conhecida por “Sissi”, que Vicente Gomes da Silva captou em 1860, tendo sido agraciado com o título de “Photographe de Sa Majesté I’Impératrice d’Austriche”.

Em 1903, o seu filho, Vicente Júnior, foi agraciado com o título de “Photographo da Casa Real Portuguesa”, pelos seus registos fotográficos de D. Carlos de Bragança (1863-1908) e da Rainha D. Amélia de Orleães (1865-1951) por ocasião da visita régia à ilha da Madeira em 1901.

O “Atelier Vicente’s” manteve a sua atividade comercial durante quatro gerações, até a década de setenta do século XX, altura em que cessa o seu funcionamento.

O Governo Regional da Madeira, adquiriu em 1979 todo o acervo deste estúdio, que após requalificado como museu, foi inaugurado a 22 de março de 1982, passando a designar-se Photographia – Museu “Vicentes”. Em 2014, o museu encerra para trabalhos de requalificação e reabre a 29 de julho de 2019, agora renomeado como Museu de Fotografia da Madeira.

Para além de manter a memória do Atelier original, afirma-se agora como o único museu nacional inteiramente dedicado à fotografia, revelando o património fotográfico da Madeira e muitos dos seus autores e obras até hoje desconhecidos.

Atualmente, entre o acervo do Museu encontra-se não só a coleção Vicente’s, como também espólios de outros fotógrafos profissionais e amadores como João António Bianchi (Visconde Vale Paraíso) (1862–1928); Major Charles Courtney Shaw (1878–1971); Gino Romoli (1906–1982); Aluízio César Bettencourt (1838-1895) ou João Francisco Camacho (1833-1898) (em estudo a autoria das imagens); Perestrellos Photographos; Augusto João Soares (1885-1970); Francisco João Barreto (1877-1934); Álvaro Crawford Nascimento Figueira (1885–1967); Alexander Lamont Henderson (1838–1907); Joaquim Augusto de Sousa (1853–1905); João Anacleto Rodrigues (1869–1948); Foto Figueiras; Foto Arte; Foto Joaquim Figueira; Russel Manners Gordon (3.º Visconde e 1.º Conde Torre Bela) (1829–1906); Artur Campos; Carlos Fotógrafo; Alberto Camacho Brandão (1884–1945); Foto Sol (de 1951 a 1980).

Encontra-se também depositado no Museu o material audiovisual da Direção Regional do Turismo/Secretaria Regional do Turismo e Transportes, coleção que inclui filmes – documentários – da autoria de: Hélder Mendes, João Pestana, António de Sousa, Luís Cabrita, entre outros.

Neste novo formato, o museu apresenta para além da reconstituição do atelier, uma apresentação da história dos processos fotográficos, do daguerreótipo às primeiras fotografias a cores, passando pelos dispositivos de lanterna mágica e pela estereoscopia.

Disponibiliza agora um espaço de exposição permanente representativa dos vários autores incluídos no acervo, de que faz parte o espólio de praticamente todas as grandes casas madeirenses de fotografia dos séculos XIX e XX, assim como um outro de exposição temporária, que irá exibir novidades numa base regular.


 Serviços:

– Cafetaria (a abrir brevemente)
– Loja
– Sala Multimédia, onde se encontra a passar um pequeno “slide show” sobre visitantes ilustres e um filme documentário, normalmente sobre a ilha da Madeira.
– Biblioteca
– Serviços Educativos – está essencialmente vocacionado para divulgar o museu e o seu acervo junto do público local e da comunidade regional.

Pretende-se aproveitar o potencial deste museu como veículo de educação e através de uma aproximação criativa ao património fotográfico, despertar o sentido crítico e a sensibilidade estética.

O nosso programa anual disponibiliza atividades dirigidas a vários públicos, desde crianças à terceira idade, a várias épocas do ano, tais como férias escolares e efemérides e reajusta, sempre que necessário, as iniciativas em prol das especificidades e características dos grupos que nos visitam.

Do atual programa destacam-se as visitas guiadas, as oficinas pedagógicas de fotografia analógica (a preto e branco), de expressão plástica relacionada com a fotografia, atividades lúdicas diversas, concursos de fotografia e exposições temporárias.



Acessibilidade

♿🟢 -Acessibilidade: Fácil ( Acesso Depende De Um Elevador )

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